Por que o arranjo faz toda a diferença na releitura musical

Já escutou uma mesma música tocada de diversas formas? Releitura de músicas como “É Proibido Fumar”, “Vapor Barato” e “Proibida pra Mim” só é possível graças ao arranjo musical. Quer saber por que o arranjo faz toda a diferença na releitura musical? Bora então seguir com a gente!

O que é um arranjo musical

Primeiro de tudo, você tem que entender o que é um arranjo musical. O arranjo de uma música é a preparação de uma composição para ser executada por instrumentos musicais. Você tem a melodia e a letra, e o arranjo é o conjunto da obra.

Pode-se dizer que você reescreve a composição para que torne a música mais atraente para o público, ou para que fique diferente das execuções anteriores como numa releitura musical.

Um exemplo dessa forma diferente de tocar é a canção “Vapor Barato”, sucesso de Gal Costa e regravada por O Rappa:

Reprodução:YouTube/O Rappa

A banda adaptou a canção ao seu gênero musical. E colocou sua própria identidade nesse single, se apropriando da música. E “Vapor Barato” se tornou um dos primeiros hits de O Rappa, em 1996.

Composição de Jards Macalé e Waly Salomão, “Vapor Barato” faz parte do álbum de Gal Costa “Fa-Tal-Gal A Todo Vapor”, em 1971.

E ficou conhecida na voz da cantora, com participação de Zeca Baleiro nessa apresentação:

Reprodução:YouTube/Riccardo d’Alterio

O próprio Macalé gravou sua música, dando uma interpretação totalmente diferente:

Reprodução:YouTube/Jards Macalé

Elementos de um arranjo musical

Antes de começar o arranjo, o músico deve analisar a canção, conhecer os recursos disponíveis e traçar metas para chegar ao seu objetivo.

Não é simplesmente criar frases, solos e fazer sequência de notas. O arranjo engloba também mudança de andamento, de acorde e alteração de ritmo da música.

Além disso, é fundamental criar uma base rítmica com instrumentos de percussão, assim como aqueles com a mesma função como guitarra e piano.

Deve-se fazer o uso de métricas e variações de ritmo, tais como a síncope, que caracterizam cada estilo.

Outro elemento importante para o arranjo é a harmonia. Quando o músico faz o acompanhamento harmônico de base, ele consegue ter uma liberdade maior para criar um arranjo.

E esse acompanhamento pode ser executado por vários instrumentos como piano ou instrumentos de sopro, além do baixo. 

 E saber combinar os instrumentos é fundamental para um arranjo. Dá uma olhada só nesta releitura do Skank para “É Proibido Fumar”, de Erasmo Carlos e Roberto Carlos:

Reprodução:YouTube/Skank

A banda inseriu arranjos de metais e deu ao single o estilo da banda, com influências do reggae, rock e uma pitada de MPB, bem presentes no álbum “Calango” (1994).

“É Proibido Fumar” virou um dos grandes hits do Skank. E como disse Samuel Rosa, vocalista e compositor da banda, “tornou-se uma das músicas obrigatórias no repertório do Skank”.

Já o arranjo de Erasmo Carlos para “É Proibido Fumar” é mais rock and roll,  o gênero de música original dessa canção:

Reprodução:YouTube/Deck

E o single ganha uma outra forma com Roberto Carlos na versão acústica, com participação de Samuel Rosa:

Reprodução:YouTube/TVRobsonRB

 Da banda para a orquestra

E quando uma música para poucos instrumentos é executada por uma orquestra? Daí o arranjo torna-se uma expansão da música, algo bem grandioso.

Saca só essa releitura do Epic Symphonic Rock para “Smoke On The Water”, do Deep Purple:

Reprodução:YouTube/Epic Symphonic Rock

 A substituição da guitarra pelos violinos fez um dos melhores riffs ganhar uma proporção ainda maior do que ele representa na história do rock .  

Veja só como é diferente o arranjo original de “Smoke On The Water”, com Deep Purple:

Reprodução:YouTube/Deep Purple Official

E saber combinar os instrumentos é essencial para como você deseja que soe sua música. É o que também pensa Micky Tejada, guitarrista, arranjador e fundador do Epic Symphonic Rock:

 

“Essa combinação depende do som desejado. As opções são infinitas. Há canções que soam totalmente diferentes, com arranjos feitos por diferentes músicos.

Por exemplo, a canção “Anarchy in the UK”, ouça a versão do Sex Pistols e a versão do Megadeth, e você vai entender. Ambas são ótimas, mas você nota que são diferentes.  Num arranjo musical, tudo é reciclado.”

E ele ainda acrescenta:

 

“A prática faz o mestre. Então,tudo depende de como sofisticado o arranjo será. Há arranjos para vários níveis de experiência.”

 

Arranjo para poucos instrumentos

E como fica um arranjo de uma banda para poucos instrumentos como o violão? Foi o que aconteceu com a releitura de Zeca Baleiro para “Proibida pra Mim (Grazon)”, do Charlie Brown Jr:

Reprodução:YouTube/narayp

É uma pegada bem diferente da original da banda:

Reprodução:YouTube/Charlie Brown Jr

Os caras do Charlie Brown gostaram tanto da releitura do Zeca Baleiro que o chamaram para gravarem juntos a versão ao vivo dessa canção no álbum “Música Popular Caiçara”, em 2012:

“Zeca, vou gravar um DVD dos 15 anos da banda, e quero você lá. Vamos fazer um mix do seu arranjo com o nosso em “Proibida”, topa?” – Chorão

Nem precisou dizer a resposta do cantor para o convite do vocalista do Charlie Brown Jr:

Reprodução:YouTube/Radar Records Oficial

Arranjo faz toda a diferença na música

Sim, o arranjo é essencial para o sucesso de uma música, seja ela uma releitura ou não. Ele possibilita inúmeras formas de criar e recriar uma canção. Por isso, o arranjo faz toda a diferença na música.