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“Homem com H” impressiona com atuação impecável de Jesuíta Barbosa e fidelidade aos fatos

Com estreia hoje (primeiro de maio), “Homem com H” é uma das melhores cinebiografias já feitas sobre um artista brasileiro.

Foto: @wagnercarvalho

E estamos falando de alguém que marcou a história da música brasileira com a sua forma irreverente de se expressar nos palcos, além de um talento indiscutível – Ney Matogrosso.

O filme capta a essência de Ney como artista, e principalmente como ser humano. Ali, estão retratados, sem pudor, os momentos cruciais que fizerem deste homem de 83 anos quem ele é agora.

É a jornada de um ser humano que se mescla com a arte, e se torna um dos ícones da MPB.  

 Foto:@blogletraemusica

Vamos conhecer um pouco mais de “Homem com H” onde “muitos conhecem a voz ,e poucos conhecem o homem” – como é  a própria definição do filme.

Ney Matogrosso no set

Logo quando a gente assiste “Homem com H”,a gente enxerga Ney Matogrosso na interpretação de Jesuíta Barbosa. E esse fato de ser o mais natural possível torna o filme mais crível.

Foto:@esmirfilho

Não é uma caricatura do Ney. E esse foi o cuidado do diretor e roteirista Esmir Filho ao produzir “Homem com H”.

Tanto que Esmir enviou o roteiro para o cantor, com intuito de contar a história o mais próximo da realidade do artista:

 “ Antes de entregar o roteiro pra ele, eu contava como estava pensando o filme e ele ia alimentando as coisas. Até que eu compartilhei a primeira versão do roteiro, e eu não esqueço que recebi o telefonema – Ney Matogrosso- e eu falei:  Vamos lá acho que ele leu. 
Crédito:@esmirfilho
– Oi! Eu li o seu roteiro e eu entendi o que você me disse.
Que eu tinha dito pra ele que memória é lacuna, e que a gente nunca vai conseguir desenterrar todas as coisas que ele lembra, mas que eu precisava de uma liberdade poética pra poder criar.

 Crédito:@esmirfilho
E ele me ligou falando “Eu entendi o que você falou porque eu sinto as coisa que ali vivi, não necessariamente aconteceram daquela maneira  ou eu disse aquilo, mas eu poderia ter dito.”

Foto:@blogletraemusica
Quando ele falou isso, eu pensei:”Eu tô no universo” Ele mesmo me deu essa segurança quando ele disse”

E Ney Matogrosso esteve presente nos bastidores do filme, mas sem interferir nas filmagens:

 Crédito:@esmirfilho
“Eu estava ansioso por essa hora. O Esmir me manda muitas fotos. É um misto de coisas, né? Você fica feliz de estar vendo alguma coisa a seu respeito e você fica curtindo o trabalho das pessoas. 

 Crédito:@esmirfilho
Queria me ver retratado com franqueza, sem nenhuma mentira. Durante o processo, conversei muito com o diretor e cheguei a ler doze roteiros. Normalmente sou durão, não choro, mas, quando fui assistir às filmagens, desabei. 

 Crédito:@esmirfilho
Eu gosto da arte e eu gosto da arte de atuar também, então pra mim é bom observar isso. – Ney sobre estar no set do filme.
Interpretação impecável de Jesuíta 

Foto:@jesuitabarbosa

“ Mas é o Ney!” – essa foi a frase da minha mãe, Tania Mara, de 68 anos e fã do cantor, só em ver o trailer de “Homem com H”.

A explicação para essa reação é uma só: a entrega total do Jesuíta Barbosa ao interpretar Ney Matogrosso.

Crédito:@esmirfilho

O ator se preparou intensamente para o papel:

 Crédito:@esmirfilho
“O que mais me chamou para fazer a personagem foi saber o que era a energia do Ney naquela época. Um jovem no anos 70.
Eu fiz ele dos 20 aos 50 e pouco anos, um espaço de tempo grande. Mas a mim interessava muito principalmente a época dos Secos e Molhados.

Crédito:@esmirfilho
Ele tinha 33 anos, a idade que tenho e que gravei. Sabia que ele tinha uma energia e uma urgência que é diferente do que ele é hoje. 
Ele é calmo, muito ponderado, tem uma fala mansa e uma cadência. Precisava saber como era naquela época, para achar, na diferença, alguma resposta.
Ele era mais impulsivo, tinha uma vontade de modificar a vida dele, de fazer algo diferente, que ele não sabia direito o que seria. Esse Ney que aparece ali é muito mais cheio das dúvidas e incertezas da juventude.

Crédito:@esmirfilho
Ney é um fenômeno artístico. A gente tem, felizmente, essa presença que se faz no corpo de um homem que eu tenho muita admiração.
Viver essa presença é um desafio pra mim , mas é um desafio que eu gosto.
Crédito:@esmirfilho
A gente vem ensaiando há mais de 3 meses, e acho que isso foi bem necessário pra conseguir chegar próximo do que é uma apresentação desse artista.”

A atuação de Jesuíta foi um elemento decisivo para o diferencial do filme. E rendeu até elogios do próprio Ney:

Crédito:@jesuitabarbosa

“Trabalhou, hein, meu filho?” – disse Ney Matogrosso, impressionado com a entrega do ator ao papel.

Presença de palco: a dança

Como todos sabem, Ney Matogrosso tem uma presença de palco hipnotizante, com um figurino versátil e uma interpretação da música na sua dança, no seu corpo.

Crédito:@esmirfilho

E é justamente essa presença de palco o grande destaque da atuação de Jesuíta. A forma como o ator captou os elementos de dança do Ney Matogrosso impressiona. Mérito do seu trabalho em parceria com o coreógrafo Cristian Duarte:

Crédito:@parisfilme
“O Ney, já de cara a gente sabia que não era sobre aprender passos. Era mais buscar uma qualidade, obviamente que tem alguns gestos, umas coisas que a gente tinha que absorver também, mas não no sentido de coreografia como gente… que é muito comum entender que é uma sequência de passos definidos.
Era uma coisa de repetir via improvisação, via evocar uma qualidade, evocar uma referência , processando também com a tua história.

 Crédito:@esmirfilho
Achar uma tonalidade. O Ney tem sempre um tanto com ele, mesmo quando ele entrega um vetor mais de performance, né?
Então, achar essas modulações de quando ataca, de está mais cremoso, foi muito interessante de ir junto com o Jesuíta esculpindo esse universo.”

É o que reafirma Jesuíta Barbosa:

Crédito:@esmirfilho
“Um jeito. Talvez de pegar as partes, nos shows, as partes mais gostosas que o Ney coloca ali. A gente consegue espelhar isso, sabe?  Talvez num movimento de corpo, talvez uma olhada de cabeça.
Assim a gente vai conseguindo usar algumas possibilidades assim para traduzir essa época e esse artista.”

Vale destacar também a reprodução impecável dos shows marcantes da trajetória de Ney Matogrosso, entre eles a primeira apresentação dos Secos e Molhados na Casa de Badalação e Tédio (1972); seu primeiro show solo, “Homem de Neanderthal” (1975);  “Bandido” (1976); e o show em que Ney canta “Homem com H”, dirigido por Amir Haddad (1981)

Sobre o filme

Foto:Marina Vancini

“Homem com H” revela os momentos mais marcantes da vida de Ney Matogrosso, um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos. 

A infância marcada pela repressão paterna foi fundamental para Ney Matogrosso se tornar quem ele é como ser humano e artista:

 Crédito:@parisfilme
 “Toda a repressão que Ney sofreu do pai fez aflorar esse ser livre. Ele diz que muitas escolhas que fez na vida foram para contrariar a vontade do pai” – comenta Esmir Filho, diretor e roteirista do filme.

E Ney afirma como essa repressão o fez desafiar os preconceitos e criar um estilo próprio:

“Houve questões em casa desde cedo. Embora eu me enxergasse como uma criança comum, que gostava de pintar, desenhar e cantar, meu pai me chamava de viado.
Um dia, perto de eu deixar o Mato Grosso do Sul aos 17 anos, falou isso de novo e respondi: “Eu não sou, não, mas o dia em que for, o Brasil inteiro vai saber”. A praga pegou.” 

A saída do cantor de casa resultou na sua entrada para a icônica banda Secos e Molhados , e o despertar para a magia de ser o que quiser no palco: destaque para as maquiagens inspiradas no tradicional teatro japonês.

Crédito:@esmirfilho

A partir daí, o céu é o limite para Ney Matogrosso. Sucessos como“Rosa de Hiroshima”, “Sangue Latino”, “O Vira”, “Bandido Corazón” e, é claro, “Homem com H” não poderiam deixar de ser mencionados no filme, com performances inesquecíveis de Jesuíta Barbosa. 

É claro que os grandes amores de Ney Matogrosso estão presentes no filme: Cazuza (Jullio Reis) e Marco de Maria (Bruno Montaleone).

O primeiro – uma paixão avassaladora, o segundo – o amor sereno do companheiro com quem Ney viveu por 13 anos.

Foto:@blogletraemusica

Com um elenco em perfeita sintonia, o filme é um deleite para os fãs de Ney Matogrosso e curiosos, pois retrata a trajetória artística e pessoal  de Ney até a consagração como ícone da música e da liberdade.

 Foto:@ritabvicente
“Sou feliz por ser a pessoa que sou e por fazer o trabalho que eu faço – tenho muito prazer com isso, ainda gosto muito. Isso aqui [o filme] é uma pedra a mais nessa construção.
É a primeira vez que eu vou me ver numa tela. Já atuei, já me vi em documentários, mas nunca um filme de ficção.
A obra vai contar a minha vida inteira – é claro que não vai caber a vida toda, é impossível porque a vida de ninguém cabe em uma ou duas horas.
Mas eu sei que é uma opção da direção e do roteiro, um ponto de vista, e eu fico feliz de estar por perto para poder ajudar ao máximo, e para que seja o mais compatível com a minha história”, disse Ney, durante as filmagens.

E acrescenta:

Crédito:@blogletraemúsica
“Sou honesto, íntegro e defensor do que é verdadeiro. Isso é ser homem com H.”
Elenco:

Jesuíta Barbosa – Ney Matogrosso

Jullio Reis – Cazuza

Bruno Montaleone – Marco de Maria

Rômulo Braga – Antônio (pai)

Hermila Guedes – Beíta (mãe)

Mauro Soares – João Ricardo

Jeff Lyrio – Gerson

Danilo Grangheia – Eugênio

Augusto Trainotti – Soldado Cato

Bela Leindecker – Luli

Caroline Abras – Yara Neiva

Regina Chaves – Lara Tremouroux

Participações Especiais:

Céu – Elvira Pagã

Sarah Oliveira – repórter Fátima

Ficha Técnica:

Direção: Esmir Filho

Roteiro: Esmir Filho

Produzido por: Márcio Fraccaroli, André Fraccaroli, Veronica Stumpf

Produtor Associado: Rodrigo Castellar

Produção Executiva: Rodrigo Castellar, Mariana Marcondes

Direção de Fotografia: Azul Serra

Direção de Arte: Thales Junqueira

1º Assistente de Direção: Kity Féo

Figurino: Gabriella Marra

Caracterização: Martin Trujillo

Montagem: Germano de Oliveira

Som Direto: Ana Penna

Edição de Som: Martin Griganaschi

Mixagem: Armando Torres Jr, ABC

Supervisão Musical e Música original: Amabis

Produção de Elenco: Anna Luiza Paes de Almeida

Direção de Produção: Karla Amaral

Produção:  Paris Entretenimento

Produtores Associados: Rodrigo Castellar, Adrien Muselet, Esmir Filho

Distribuição: Paris Filmes

Coprodução: Claro

Apoio: Riofilme