O que Roberto Medina e Charlie Brown Jr têm em comum?
O que Roberto Medina e Charlie Brown Jr têm em comum? Se você respondeu música, tá no caminho. Mas ela faz parte de algo maior na vida deles: acreditar no sonho .
Já dizia o grande mestre Ariano Suassuna: “O sonho é que leva a gente pra frente.”
Então, bora conhecer a jornada desses grandes nomes do mercado musical que tornaram o sonho realidade!
Afinal, é como Nelson Mandela sabiamente falou: “Tudo parece impossível até que seja feito.”
Roberto Medina – “Por trás dos grandes projetos tem um sujeito obstinado que sonha com aquilo”
Crédito:@rockinrio
Sabe quando você sonha alto, transforma esse sonho em meta, e consegue realizá-lo? Foi assim com o publicitário e empresário Roberto Medina ao idealizar e produzir o Rock in Rio (um dos maiores festivais de música do mundo).
Foto:Divulgação
Visionário da comunicação, Medina já sonhava grande. E pôs em prática o que almejava.
Brasil na rota do show business internacional
Crédito: Grupo Prisa
Roberto foi o primeiro publicitário no Brasil a contratar, nos anos 70, grandes artistas internacionais como Frank Sinatra, David Niven e Burt Bacharach para comerciais de televisão. E assim colocou o país na rota do show business internacional.
Crédito: Acervo Artplan
Em 1980, Medina trouxe nada mais nada menos do que Frank Sinatra para o Brasil num show histórico no Maracanã.
Com 175 mil pessoas presentes no estádio, o show entrou para o Guinness Book of Records como o maior público pagante para um só cantor.
A ideia do Rock in Rio
Foto:Divulgação
Bom, então, será que, para Medina, criar o Rock in Rio foi um pulo? O empresário conta como surgiu a ideia do festival em depoimento ao Rock U (curso online sobre o backstage do Rock in Rio):
Crédito: Grupo Prisa
“A matriz do Rock in Rio é o sonho. Eu não tinha claro, a minha vida não era show business, nem entretenimento, minha vida era comunicação.
E olhando pra cidade do Rio de Janeiro, quer dizer, me parecia, o que mostra que é hoje, que esse era o ingrediente que faltava a ser levado a sério.
(…)E um dia me veio essa ideia de fazer, e não veio assim como um planejamento. Eu intuí que esta coisa podia acontecer.
E foi engraçado porque surgiu inteiro, quer dizer, o Rock in Rio não surge aos pedaços, ele surgiu inteiro, surgiu numa noite.
Crédito:@rockinrio
Eu passei a noite acordado. Quando era de manhã se chamava Rock in Rio, tinha um papel incrível porque é exatamente o que aconteceu, mais ou menos no mesmo lugar que eu estava pensando.
E como eu não tinha contato com nada disso, quer dizer, é uma coisa estranha de você olhar pra trás assim: Como é que eu fiz? Porque não tinha gente, o Brasil não tinha luz, som, palco, não tinha nada.
Crédito:@rockinrio
E eu projetei o meu sonho e vinha daquele tamanho.”
O desafio de montar o Rock in Rio
Rock in Rio idealizado, agora vinha o grande desafio de fazê-lo se tornar realidade:
Foto:Divulgação
“E aí entra uma outra coisa, quer dizer que além do sonho, como é que você entrega aquilo? Porque a parte melhor é sonhar, a parte mais difícil é você entregar aquela coisa, porque você tem que operar aquilo tudo.
(…) Eu recebi assim, eu digo: “Eu vou fazer. Como é que monta?” No primeiro momento, não tem business plan (plano de negócios). No primeiro momento, também é extremamente solitário. “ – conta Medina
Toda caminhada de um projeto é dura
Foto:Divulgação
Quem vê Roberto Medina no comando do Rock in Rio, pensa que tudo são flores. Mas, na realidade, ele é humano como qualquer um de nós.
E, por isso mesmo, passa por incertezas e dúvidas em sua vida. A diferença é como Medina as encara:
Crédito:@rockinrio
“Porque muitas pessoas que me encontram dizem: “Ah, você faz isso, faz aquilo.”
Não, não. Eu tive momentos de tristeza, de amargura, de achar que eu tinha jogado a toalha e não tinha mais jeito.
Quer dizer, toda a caminhada de um projeto até a entrega é dura.
Crédito:Grupo Prisa
E se você pegar os grandes projetos que quebraram paradigmas no mundo, você vai ver que , por trás tem um sujeito obstinado, que quer fazer, que sonha com aquilo.
E passa por cima das dificuldades, dos processos que você tem que entregar, porque ele precisa entregar aquilo.
Então, eu acho assim, tem um recado para as gerações futuras de que não é fácil, mas é muito bom.
Quer dizer, cada Rock in Rio, cada abertura de porta faz valer a pena tudo o que você passa pra chegar lá.”
Rock in Rio 1985 fez história
Crédito:@rockinrio
E o Rock in Rio fez história naquele ano de 1985. Foram 10 dias de festival, com 15 atrações nacionais e 16 internacionais , no maior palco do mundo na época (80 metros).
E na plateia, 1 milhão e 380 mil pessoas que ocuparam a área de 250 mil metros quadrados da Cidade do Rock.
Crédito:@rockinrio
Nascia ali um dos maiores festivais de música do mundo.
2024 – Rock in Rio 40 anos
Hoje, o Rock in Rio completa 40 anos. E conta com 22 edições desde 1985, 3 mil 816 artistas escalados e 11 milhões de pessoas na plateia.
Crédito:@rockinrio
E nesta edição comemorativa de 2024, o Rock in Rio promete surpreender. Então, se liga que em setembro vem coisa boa por aí!
Charlie Brown Jr – “O impossível é só questão de opinião”
No Festival de Verão de Salvador, Chorão solta uma frase que se tornou icônica: “Eu tenho uma alma que é feita de sonhos.”
Reprodução:YouTube/Festival de Verão de Salvador
E como ele mesmo escreveu na letra de “Só Os Loucos Sabem”: “O impossível é só questão de opinião.”
Crédito: YouTube/Charlie Brown Jr
Sim, esse é o exemplo de persistência por acreditar num sonho: tornar-se uma das maiores bandas de rock do Brasil.
Quem viu onde o Charlie Brown Jr chegou, deve saber que é a jornada o principal para te levar ao sucesso.
E a banda coloca em letras toda essa luta, essa aprendizagem para alcançar o seu sonho:
Crédito:YouTube/Charlie Brown Jr
“A vida me ensinou a nunca desistir.
Nem ganhar nem perder
Mas procurar evoluir.” – “Dias de Luta, Dias de Glória”
E como eles evoluíram e conseguiram o sucesso que tanto almejavam.
Mas pra chegar lá, muita água rolou. Bora então conhecer como foi o início desse sonho!
Primeira demo da banda
Charlie Brown Jr (CBJR) surgiu em 1992 em Santos. E tinha na sua primeira formação Chorão(vocal), Champignon (baixo), Marcão Britto (guitarra), Nando Bassetto (guitarra) e Vini (bateria).
Nessa primeira fase , a banda tocava um som mais pesado e com as letras em inglês.
E em 1993, o Charlie Brown grava a sua primeira demo.
Essa gravação continha duas músicas: “Shake”, que mais tarde daria origem à canção “Sheik” do álbum “Transpiração Contínua Prolongada”, e “Prostitute Society”.
Marcão Britto, guitarrista da banda, conta um pouco dessa fase da banda no seu canal do Youtube:
Reprodução:YouTube/Marcão Britto
E o primeiro show da banda foi no dia do aniversário do Chorão:
Reprodução:YouTube/Marcão Britto
Visita ao produtor musical Miranda
Com a demo pronta, CBJR tinha agora que correr atrás de quem pudesse contratá-los.
Então, Chorão e Marcão seguem rumo a São Paulo numa visita ao Miranda, produtor de rock da gravadora independente Banguela, e uma pessoa a qual a banda tinha grande admiração.
Foto:Divulgação
E qual foi a reação do Miranda?
“O Miranda pirou no som da banda, na demo. Ele ficava dizendo assim pra gente: “O som de vocês é foda. O som de vocês derruba.” – Marcão Britto
Com essa reação do Miranda, a expectativa da banda era a sua contratação na gravadora, mas a realidade foi outra:
Reprodução:YouTube/Marcão Britto
Segunda demo, segunda visita ao Miranda e letras em português
Crédito:Youtube/Marcão Britto
Charlie Brown Jr seguiu em frente e, com a nova formação, gravou a segunda demo ainda em inglês.
E novamente o grupo foi ao encontro de Miranda.
O produtor reafirmou o gosto pelo som da banda, mas o achou muito pesado para o mercado musical brasileiro. E não houve a contratação do Charlie Brown.
A banda então percebeu que deveria dar uma guinada na sua carreira para conseguir atingir o grande público com o seu som.
O caminho encontrado? Compor as letras em português. No início, Chorão não gostou da ideia, mas curtiu depois, como relata Marcão:
Crédito:YouTube/Charlie Brown Jr
“Eu lembro que o Chorão no início ficou um pouco relutante. Porque a gente sempre curtiu bandas gringas. Ele não queria escrever as letras em português.
E aí, começaram a pintar umas bandas no rock nacional legais como Os Raimundos e Planet Hemp.
Eu lembro que ele deu uma animada. E viu que teria uma possibilidade de escrever em português algo bacana.”
Gravação em estúdio top e a venda do baixo do Champignon
Crédito:YouTube/Marcão Britto
Com as letras agora em português, CBJR foi para a sua 3ª demo. E optou por gravá-la num estúdio top em São Paulo.
Para pagá-lo, a banda vendeu de tudo, inclusive o baixo do Champignon:
Reprodução:YouTube/Marcão Britto
Mas não foi dessa vez que a banda decolou.
Gravador portátil e período criativo
Sem grana para uma outra demo em estúdio, Charlie Brown Jr teve que se adaptar.
Por sugestão do Marcão, a banda comprou um gravador portátil com 4 canais.
Crédito:YouTube/Marcão Britto
A ideia era desenvolver o lado criativo do grupo, sem limitação artística:
Reprodução:YouTube/Marcão Britto
A banda compôs 30 músicas, incluído o repertório do primeiro álbum da banda, “Transpiração Contínua Prolongada” .
E com o gravador portátil, Charlie Brown Jr conseguiu uma audição com o Rick Bonadio e, finalmente, a tão esperada contratação:
Reprodução:YouTube/Marcão Britto
“Transpiração Contínua Prolongada”
Lançado em 1997, “Transpiração Contínua Prolongada” é o álbum de estreia do Charlie Brown Jr.
E nada melhor do que esse título para descrever tudo que a banda passou para chegar até ali.
Sucessos como “O Coro Vai Comê”, “Proibida pra Mim (Grazon)” e “Tudo O Que Ela Gosta de Escutar” fazem parte do repertório de “Transpiração Contínua Prolongada”.
O álbum vendeu mais de 250 mil cópias no Brasil. E Charlie Brown Jr recebeu o disco de platina.
Crédito:YouTube/Marcão Britto
Hoje, o CBJR é considerada uma das maiores bandas de rock nacional, e uma das mais ouvidas nas plataformas de streaming, mesmo após o falecimento do Chorão e do Champignon.
Atualmente, a banda está na estrada com a turnê comemorativa – “Marcão Britto e Thiago Castanho – Charlie Brown Jr 30 anos”, tendo como convidado nos vocais Egypcio (ex-Tihuana).
Foto:Divulgação
“Quem acredita sempre alcança”
Já dizia o nosso grande poeta do rock nacional, Renato Russo, em “Mais Uma Vez”: “Quem acredita sempre alcança.”
E exemplos como o de Roberto Medina e do Charlie Brown Jr nos fazem ver que é possível a realização de um sonho e no seu tempo.
Construir cada degrau, transformar o sonho em meta, traçar uma estratégia para alcançá-lo são etapas que todos nós podemos fazer.
Parece papo de coach, mas quando se fala em sonho, e você acredita nele, o seu cérebro vai encontrar meios para realizá-lo. Sem contar o lado emocional que te impulsiona para seguir em frente.
É como George Bernard Shaw, dramaturgo e romancista irlandês, concluiu um dia:
“Alguns homens vêem as coisas como são e dizem: “Por quê?” Eu sonho com as coisas e digo: “Por que não?””.
Então, por que não? Sim, sonhos se tornam realidade.
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