“São Joaquim (Zen)” – Nitai Santana: a história de Sidarta Gautama – o Buda

Um poema encontrado na estante da família é o caminho para o autoconhecimento. Esse é “São Joaquim (Zen)”, single de Nitai Santana. E tem como inspiração o livro “Sidarta”,  de Hermann Hesse, baseado na história de Sidarta Gautama – o Buda.

Que tal embarcar nesse poema musicado do artista amapaense Luís Afonso Rodrigues? É só seguir com a gente!

A história de “São Joaquim (Zen)” 

Cada um tem uma forma de encontrar inspiração para compor uma música: numa frase, num momento da vida, no cotidiano, num lugar…

E para Nitai Santana, pode-se dizer que a inspiração foi obra do destino, ao achar um poema perdido no meio dos livros de sua família:

“Eu procurava partituras engavetadas numa estante da sala de casa. Estante esta cheia de livros para músicos. Lá em casa todo mundo era músico.

E me deparei com alguns poemas e letras que me instigaram bastante, estavam gravadas em papéis bem desgastados, o que me fez querer saber sobre cada vez mais.

Descobri que eram letras destinadas a meu pai (exímio compositor), e dei sorte de não estarem musicadas ainda.

E pedi a autorização do mesmo para musicá-las, e na mesma hora me foi entregue com todo o carinho.

Eram duas letras: “Mar de Estrelas”, que eu acabei gravando e “Zen em São Joaquim” (título original), todas do grande poeta Luís Afonso Rodrigues.”

 

Letra instigante e o livro “Sidarta”, de Hermann Hesse

E quem diria que o poema de Luís Afonso aguçaria a curiosidade de Nitai que não pensou duas vezes em procurar o poeta:

“À princípio, uma letra instigante, não tinha rima, a métrica totalmente desprendida de padrões convencionais e várias referências bucólicas e espirituais. 

Procurei o Afonso para me explicar mais sobre “São Joaquim” e descobri que a letra era quase de uma década atrás e que foi criada lá em São Joaquim do Pacuí – município do estado do Amapá.

         Crédito: Alan Kardec

Ele descreve a contemplação profunda na natureza, percebendo a divindade na natureza, do paradoxo da simplicidade e complexidade que coexiste na mesmo.

A principal referência literária da letra é o “Sidarta” de Hermann Hesse, um conto maravilhoso que narra o árduo caminho do despertar humano no processo do autoconhecimento, baseado na história real de Sidarta Gautama.”

E pensa que a curiosidade de Nitai parou por aí? 

“No mesmo dia procurei o livro nas livrarias da cidade. E debrucei-me todos os dias da semana na sua história. Só parava para tentar criar algo no violão e depois voltava na imersão, e assim foi surgindo a composição. “

 

Um pouco sobre o livro “Sidarta”, de Hermann Hesse

Escrito por Hermann Hesse, “Sidarta” é o resultado da viagem do autor à Índia em 1911. Mas só foi publicado onze anos depois.

O livro narra a história de Sidarta, um jovem, filho de brâmanes, que na busca da verdadeira felicidade, torna-se asceta (que vive na mais absoluta penúria).

E segue um caminho tortuoso repleto de tentações, angústias, confronto do individualismo com os ideais de iluminação. Até Sidarta alcançar o despertar espiritual e o autoconhecimento.

E Hermann Hesse baseou-se na história real de Buda – Sidarta Gautama, ao escrever o livro.

Processo de Composição

Quem ouve “São Joaquim (Zen)” logo nota a mistura de vários gêneros musicais como MPB, rock e jazz. E isso faz parte de todo um processo de Nitai ao compor:

“Eu estava escutando muito Rock Progressivo e alguns compositores eruditos que misturam elementos populares em suas criações, especialmente Egberto Gismonti.

O processo de composição dessa música foi bem árduo, até doloroso, porque tentei exprimir e explorar-me ao máximo.

 E apesar das muitas influências externas, tentei rigorosamente negá-las, não queria me fazer soar parecido com nada, não queria imprimir comparações, e São Joaquim Zen fui surgindo como uma catarse musical que emerge do espírito para o corpo, uma catarse que demorou alguns dias para passar. 

Nela você encontra sons de pássaros, caixa de marabaixo, milhões de acordes abertos, pontes e interlúdios, compassos no ímpar, compassos compostos, solos de bateria com harmonias atonais, texturas coloridas, psicodelia,  rítmicas africanas.

E o mais incrível: os dois últimos solos – de guitarra e teclado, respectivamente, foram feitos na base da improvisação que só músicos do Jazz e do Prog realizam com maestria.” – conta o cantor.

 

Mensagem da canção

E qual seria a mensagem desta bela canção?

“Precisamos restabelecer a nossa conexão com o mundo natural, no sentido de dar uma freada no piloto automático do cotidiano.

E assim nos reconectarmos com a beleza colossal que existe nas matas, nos rios, nos mares, nos campos, nas cachoeiras e com os seres que permeiam tudo isso.

 São Joaquim é uma canção genuinamente amazônida, e não só é uma homenagem a este município tão bonito por natureza (e tão esquecido pelo poder público, por estar situado num Brasil considerado periferia pelo resto) mas também é um mergulho consciencial dentro de nós mesmos.”

 

Sobre Nitai Santana

Nascido numa família de músicos, Nitai Santana é contrabaixista, violonista, cantor e compositor.

E tem como seu bisavô o Mestre Oscar Santos – um compositor, maestro e educador musical muito influente no estado do Amapá. 

A trajetória musical de Nitai começou cedo: aos oito anos de idade, ao estudar violão erudito por influência do pai e das tias.

E aos 16 anos, o artista deu início a sua vida profissional, em 2012,  com o projeto “São Batuques” no Sesc Amazônia das Artes. De autoria de Helder Brandão e Beto Oscar, o projeto circulou em várias capitais brasileiras.

A carreira musical de Nitai conta com a sua participação em shows e gravações com artistas importantes do cenário Amapaense, tais como: Beto Oscar, Deize Pinheiro, Grupo Bandaia, João Amorim, Cléverson Baía, Mayara Braga, Orquestra Primavera, Osmar Júnior e Banda Desiderare .

        Crédito: Ângelo Barbosa

Em 2014, ele integrou a Big Band “Tumucumaque” como contrabaixista. E em 2018, o artista já fazia parte do Quarteto de Jazz Amazon Music.

Mas foi no FESCAM (Festival da Canção Amapaense), em 2021, que Nitai se consagrou como músico. Sim, o artista ganhou o prêmio na categoria “Melhor Arranjo” do Festival e atingiu a terceira colocação.

O  músico tem como influências musicais : Clube da esquina, bossa nova, tropicalismo, Jazz, rock progressivo, black music e New Age.

 Atualmente, o cantor está em processo de gravação do seu primeiro disco solo de canções autorais.

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Videoclipe “São Joaquim (Zen)”

Que tal relaxar agora com “São Joaquim (Zen)”? 

Reprodução:YouTube/Nitai Santana